sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Histórias do cancioneiro

Lamartine de Azeredo Babo, mais conhecido como Lamartine Babo, nasceu no Rio de Janeiro em 10 de janeiro de 1904 e morreu em 16 de junho de 1963, em sua terra natal, que aprendeu a amar e a cantar. Ele é um dos mais importantes compositores populares do Brasil. Era um dos doze filhos de Leopoldo Azeredo Babo e Bernarda Preciosa Gonçalves, sendo um dos dos três que chegaram à idade adulta. Era tio de Oswaldo Sargentelli.

Nasceu no mesmo ano da fundação do América Football Club. Tijucano e americano fanático, Lamartine protagonizou cenas memoráveis como o desfile que fez em carro aberto pelas ruas do centro do Rio, fantasiado de diabo, comemorando o último campeonato do América em 1960.

Em sua história, muitas coisas temos para contar, mas hoje vamos falar sobre um “grande amor”. Lamartine começou a receber cartas de uma “fã” e tanto trocaram juras de amor que um dia ele resolveu conhecer esse grande amor, até ali platônico. Mesmo contra a vontade da “fã”, Lamartine resolveu ir até a cidade de Petrópolis, lá em Boa Esperança, onde residia aquela ardorosa e tão misteriosa “fã”.

Em lá chegando, Lamartine teve uma grande surpresa ao se deparar com um rapaz que veio recebê-lo. Só aí então ele ficou sabendo que durante muito tempo ele se correspondia com uma fã amorosa que não era outra a não ser um homem. E toda aquela esperança do encontro com um grande amor se transformou em uma das mais belas paginas de nosso cancioneiro.

Serra da Boa Esperança,
Esperança que encerra,
No coração do Brasil
Um punhado de terra.
No coração de quem vai,
No coração de que vem,
Serra da Boa Esperança,
Meu último bem.


Parto levando saudades,
Saudades deixando,
Murchas, caídas na serra,
Bem perto de Deus.
Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus,
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu luar,
Adeus!


Levo na minha cantiga
A imagem da serra,
Sei que Jesus não castiga
Um poeta que erra.
Nós, os poetas, erramos
Porque rimamos, também.
Os nossos olhos nos olhos
De alguém que não vem,


Serra da Boa Esperança,
Não tenhas receio,
Hei de guardar tua imagem
Com a graça de Deus!
Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus,
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu olhar,
Adeus!


E assim o poeta soube fazer daquele frustrado “grande amor” esta pérola de canção.
Feliz o país que tem um Lamartine para sempre, Amém.

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